Trazida ao Brasil há mais de 100 anos, a palma tem sido até hoje utilizada como ração de emergência no Nordeste brasileiro. Desidratada e transformada em “farinha de palma”, começará em breve a substituir o milho nas rações animais. Numa etapa seguinte, o farelo de palma aditivado com Nitrogênio, Fósforo e Enxofre, pela ação de micoorganismos, pode se transformar numa emulsão protéica” de alta digestibilidade, substituindo a farinha de soja na alimentação dos ruminantes.
Testes comparativos entre as rações tradicionais, formuladas à base de milho, e as que contêm farinha de palma se sucedem confirmando o que já é do conhecimento dos que vivem há vários anos fazendo acontecer o que será esta revolução. Cada um destes testes reconfirma que a farinha de palma substitui, de fato e com vantagens, o milho como fonte principal de carboidratos (energia) nas rações concentradas.
Os primeiros resultados já mostram um enorme potencial de redução de custos nas rações destinadas aos bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves. Especificamente no caso dos ruminantes, a palma pode ser consumida de duas maneiras. Primeiramente na forma de “farinha de palma” como fonte de energia em substituição ao milho e, adicionalmente, como “emulsão protéica” para ser utilizada no lugar da soja.
A palma vai ganhar espaço no semi-árido nordestino, o que vai
permitir sua inclusão no circuito das regiões produtoras de carne. A
proteína animal é um produto caro e, para ser produzido, ou ocupa grandes extensões
de pastagens, ou utiliza enormes quantidades de milho e soja como
componentes principais das rações utilizadas na avicultura, suinocultura,
produção de leite e confinamento de ruminantes. As terras agrícolas têm
preços crescentes e estão situadas dentro de fronteiras com expansão
conhecida, tornando a proteína animal originária dos ruminantes um bem
disputado no mundo. Pelo mesmo motivo milho e soja são comodities
valiosas, também com custos altos e cotações em dólares. “Produzir carne,
leite ou ovos utilizando trigo, milho, sorgo, farelo de soja ou de caroço
de algodão não poderá nunca ser feito de forma barata, pois todas estas
comodities agrícolas tem alto valor no mercado internacional”, sentencia o
pecuarista do Rebanho Caroatá, Luiz Felipe Brennand”.
Por que cultivar a palma
Para Luiz Felipe, a produção de milho não deveria ser uma atividade incentivada por governos, nem como atividade de subsistência. “Se a produção da proteína de origem animal, a partir de grãos colhidos nos maiores celeiros agrícolas do mundo - e portanto, nos locais onde são cultivados pelos menores custos - não resulta em proteína animal barata, imaginemos a que custo poderemos fazê-lo, no semi-árido, com milho produzido localmente e colhido somente três ou quatro vezes a cada dez anos? ”, questiona.
A palma forrageira, nome genérico de uma família de plantas de cultura permanente
– plantada, portanto, uma única vez a cada 20 ou 30 anos – foi trazida do
México com finalidade comercial no início do século XX.
Foi a responsável principal pelo suporte alimentar das culturas pré-colombianas
que floresceram naquela região, causando espanto e admiração aos espanhóis que
lá desembarcaram. Multiplicadas por mudas caracterizam-se, principalmente, por
serem pouquíssimo exigentes em água, conseguindo produzir um quilo de matéria
seca por cada 100 litros de precipitação. Os capins da família dos “búfalos”,
as menos exigentes das gramíneas, produzem o mesmo quilo de matéria seca com 300
litros.
O milho, o que mais depende de água, só produz um quilo de matéria seca se receber acima de mil litros, com o agravante de que esta quantidade precisa vir distribuída em determinadas etapas de seu ciclo vegetativo, sem as quais não produzirá. Por outro lado, a palma é completamente adaptada às baixas precipitações, respirando durante a noite para não perder água, diferentemente de outras plantas que o faz durante o dia. A sua própria forma – de raquete e nascida ereta – faz com que se exponha ao sol numa pequena superfície. O sistema de raízes, colocado nos primeiros 15 cm da superfície, captura o máximo da pouca água disponível.
Paraíba e Pernambuco dão exemplo.
Normalmente a produção é encontrada em regiões do semi-árido brasileiro
com precipitações superiores a 400 mm. A região de Cabaceiras, na Paraíba, é
considerada uma das mais secas de todo o Nordeste. Lá, a palma é encontrada de
forma abundante e vem sendo cultivada com as mais diversas e rudimentares
técnicas agrícolas, com espaçamentos a partir de 5 mil plantas por hectare.
Na Fazenda Lagoa do Cavalo, onde está instalado o Rebanho Caroatá, a palma está sendo cultivada com uma lotação de 110 mil plantas por hectare, submetida a um rígido controle agronômico, com a finalidade de servir como campo de comparação a uma cultura de milho. Estão sendo utilizadas as mesmas tecnologias atualmente empregadas nas áreas mais produtivas de grãos do Sudeste ou do Centro-Oeste brasileiro. Nesta condição, o primeiro corte realizado entre outubro de 2005 e janeiro de 2006 produziu acima de 300 toneladas por hectare, devendo atingir produções acima de 400 toneladas por hectare a partir do segundo corte, no final deste ano.
O zootecnista e especialista em nutrição animal, Alberto Suassuna, explica que essas 400 toneladas de palma se transformarão em 40 toneladas de farinha de palma após a secagem realizada ao sol. “Os 40 mil kg de farinha correspondem a 32 mil kg equivalentes de milho, quando comparados os carboidratos presentes nas duas amostras”, complementa. O especialista diz ainda que no Brasil e em outros países as ótimas áreas de cultura de milho produzem aproximadamente 10 mil kg por hectare. Com a palma, pode-se colher três vezes a produção de carboidratos do milho por hectare, todos os anos, nas adversas condições climáticas do semi-árido.
Farinha de palma.
Por conter 90% de água quando colhida, o consumo da palma se torna limitado.
Para os animais receberem uma determinada quantidade de carboidratos necessária
à sua alimentação, precisam consumir dez vezes esta quantidade, se a palma for
fornecida in natura. Para ultrapassar esta limitação, foi desenvolvida a
farinha da palma. Para o seu preparo, primeiro ela é colhida à mão, apesar de
já estarem sendo desenvolvidas máquinas capazes de fazê-lo nas grandes áreas. Depois
é levada a uma “fatiadeira” onde é cortada, dessa vez mecanicamente em fatias
(como batatas fritas). Em seguida é levada a um pátio de secagem, semelhante a
um terreiro de café, e é espalhada em uma camada de aproximadamente 10 cm.
Permanece exposta ao sol durante cerca de quatro dias, para depois ser
ensacada. A palma poderá ficar guardada em sacos até a época do consumo, ou ser
ensacada depois de passar em um moedor, semelhante ao utilizado para produzir
xerém de milho. E está feita a farinha de palma. Do mesmo modo que o milho, se for
guardada por longos períodos, deve ser protegida do gorgulho.
Emulsão protéica feita de palma
Como qualquer outro farelo vegetal rico em carboidratos, a farinha de palma, entre outros usos, pode servir de base alimentar para o crescimento de microorganismos úteis, ricos em proteínas. Para isso é necessário juntar com a farinha, diluída em água, fontes inorgânicas de nitrogênio, fósforo e enxofre, além de farto suprimento de oxigênio. Na presença desse nutriente, totalmente misturado, esses microorganismos são capazes de sintetizar tudo o que precisam, multiplicando-se de forma acelerada.Por isso foi possível desenvolver-se, ao longo dos últimos dez anos, uma emulsão protéica (ou uma sopa), para alimentação animal, feita a partir de 24 horas de fermentação do farelo de palma forrageira, minerais e oxigênio, juntamente com uma pequena população inicial – inoculo – desses microorganismos úteis.
Um teste comparativo entre esta emulsão protéica e o farelo de soja, feito no campus da Universidade Federal da Paraíba, com o uso de cordeiros, não mostrou diferenças significativas em ganho de peso, conversão alimentar e rendimentos das carcaças no abate desses animais.
Desafio aos governos
O Rebanho Caroatá lança um desafio aos governos estaduais do semi-árido:
distribuir sementes de palma, em lugar das sementes de milho, acompanhado de um
trabalho de extensão rural, como forma de criar uma produção sustentada de
proteína animal na região, aumentando a renda e melhorando a vida dos
nordestinos.
Nota
O desenvolvimento e as melhorias agrícolas, introduzidas na cultura da palma, que permitiram atingir-se em níveis tão altos de produtividade, assim como o processo de fabricação de farinha de palma, devem ser creditados ao trabalho incansável do zootecnista Alberto Suassuna, e são tecnologia de domínio público. A produção da emulsão protéica, também desenvolvida por Suassuna ao longo de uma vida dedicada à palma, e suas utilizações, é uma tecnologia complexa e protegida por patente.
Informações adicionais poderão ser solicitadas pelo e-mail: albertosuassuna@hotmail.com
Visitas ao campo de palma da Fazenda Lagoa do Cavalo poderão ser agendadas pelo e-mail de Alberto Suassuna ou pelo endereço revolucaodapalma@caroata.com.
Da redação do Site Caroatá
Enviado por: Drª Catarina Bittencourt - Médica Veterinária
Um comentário:
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