Brasil teme que, sob Obama, protecionismo aumente
El Roto/El Pais
Lula vai passar a semana no exterior. De segunda (10) a quinta (13), estará em Roma. Na sexta (14), amanhecerá em Washington.
O presidente viaja munido de informações que o deixaram preocupado. São análises produzidas pelo Itamaraty.
Prevêem que, sob a administração de Barack Obama, os EUA tendem a manter e até aprofundar o protecionismo econômico.
Neste sábado (9), discursando na abertura do G20, em São Paulo, Lula ensaiou um palavrório que pretende repisar no exterior, sobretudo na capital americana:
"O Brasil acredita que os países devem evitar a tentação de utilizar o protecionismo financeiro e comercial como artifício para superar a crise", disse.
Defendeu a retomada do diálogo de Doha, a rodada de negociações comerciais que emperrou na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"A conclusão da Rodada Doha deixou de ser uma oportunidade para se tornar uma necessidade".
A julgar pela avaliação do Itamaraty, a chance de a pregação de Lula sensibilizar os EUA aproxima-se de zero.
A chancelaria brasileira estima que, nos próximos anos, o governo americano deve conspirar contra o fechamento de um acordo na OMC.
Recorda-se que, durante a campanha eleitoral, Obama se revelou contrário à reabertura da mesa de negociações de Doha.
Prevê-se que a desaceleração da economia americana deve tonificar no Congresso dos EUA o discurso de timbre protecionista.
Um discurso que virá escorado no argumento de que a prioridade dos EUA deve ser a proteção do emprego de seus cidadãos, não o livre comércio.
Reza a legislação americana que a Casa Branca precisa da autorização do Legislativo para negociar acordos internacionais de comércio.
E a crise levará os congressistas a olharem para o umbigo do eleitor americano, inquieto com as ameaças que pairam sobre a estabilidade dos seus empregos.
Para o Itamaraty, o movimento rumo à restrição da abertura comercial viria mesmo se o eleito tivesse sido John McCain, do Partido Republicano, tradicionalmente mais liberal.
Com o democrata Obama, imagina a diplomacia brasileira, a coisa tende a ser pior. Principalmente porque as eleições da semana passsada tonificaram a maioria democrata no Congresso.
Em meio a esse ambiente adverso, Lula deve pregar no deserto. Pior: falará numa reunião do G20 convocada por George Bush, um beduíno em fim de linha.
A cúpula de países emergentes e ricos será no sábado (15). Na noite da véspera, Lula participa de um jantar na Casa Branca, oferecido por Bush aos chefes de Estado do G20.
Escrito por Josias de Souza às 03h46
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